quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Sem pensar


O fogo arde e dilacera a sanidade da minha alma,que de forma imperceptível surge em formas de tímidas lágrimas soltas no escuro.Ouço vozes de onde não tem som,vejo imagens em telas brancas e morte em vida.Já não existe mais coerência nos versos e na poesia,o ontem já está perdido,os cacos de vidros já não podem ser restaurados.Todos meus monólogos noturnos perderam o encanto,já não existe mais platéia nem ninguém além da lua minguante que possa ouvir minha voz,minha expressão,minha dor e minha morte.Morro em silêncio a cada noite em que você abre uma nova cicatriz do passado,e me afogo no rio das reminiscências quase que sempre.Preciso gritar para alguém essa ansiedade que sinto do mundo,uma só garganta engolindo a agonia de mil ânsias não é suficiente.Continuarei com essa insanidade visceral,alimentando meus sonhos e desejos fictícios até que a realidade e a presença de sanidade me desperte outra vez. 

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Jogando tudo fora.


Olhos inexpressivos,talvez com uma certa neblina que poucos podiam ver. Sozinha,relembrando as carícias feita suavemente em sua pele doce. O silêncio transformou-se em tempestade,quebrando tudo o que passou,jogando fora pela janela todas as páginas manuscritas de linhas amorosas. As papoulas do campo bucólico encontraram o sol outra vez,e viram que já era hora de recomeçar,recomeçar mais uma vez.E então voltemos a falar dos olhos,tristes olhos que se esconderam por muito tempo atrás de sorrisos falsos mas que agora,podiam ter brilho outra vez.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Lágrimas de Anjos

Quem me dera ter asas e voar pra bem longe de ti e esquecer por completo seus olhos convidativos e obscuros que na noite parecem cintilar um gozo inexplicável.
Seus olhos dizem tudo...seus olhos não dizem nada.Seus olhos lagrimosos são como lágrimas de anjos, que perdidos na anarquia do mundo, tendem a chorar. Seus olhos são enigmas no qual ninguém consegue decifrar.
Mas teu olhar de tão belo se torna tão disforme quando exposto ao sol...porém não precisamos dele,pois ambos preferem o escuro.Seus rosto está presente em cada elemento da natureza e em todas estações do ano. Um doce afeto cultivei por estes olhos que hoje já não me pertencem mais ( que na verdade nunca o possui ) mas que desejei mais do que qualquer outra coisa. Um discreto e meigo suicídio cometo só de pensar que não os verei novamente,e então lágrimas inocentes percorrem minha face que de tão desolada quebra como uma porcelana caindo ao chão.
Teus olhos eram o paraíso no qual eu fui brutalmente expulsa,sem nem ao menos poder dizer adeus...

Imagem: Seignac Guillaume - cupid_disarmed

sábado, 7 de abril de 2012

Paraíso das desilusões

Os deuses mostravam-lhe o caminho de volta a realidade,porém era difícil aceita-lá. Felicidade efêmera que só existia em sua imaginação,onde tudo parecia se encaixar. A realidade era como ruas sem saída,ruas íngremes onde intitulava-se paraíso das desilusões.
Doce era a vida daqueles que sabiam imaginar...O mundo é excitante quando criado por nós mesmos. Os sabores mudam,os sons entram em harmonia e a paz vai além da poesia.
Poesia feita pelos pseudo-poetas que no delírio de dias melhores tentam expressar sua dor inconstante em linhas tortas no papel.
Paraíso das desilusões...É pra lá que todos retornam ao amanhecer.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Pintura Oculta

Seus traços delicados e lagrimosos eram semelhantes ao luar. Uma leve e constante brisa a tocava sem cessar,nunca a deixava. A música a guiava ao paraíso,tal melodia comparada aos anjos que ela nunca os via. Ela nunca dormia,sonhava constantemente,sem dormir,apenas por sonhar. Sua mãos eram feitas de rosas e seus pés de jasmim. Seu olhar era como espelhos,onde era possível ver sua alma ferida em desalinho  Seus cabelos eram uma floresta escura,agitava-se ao vento feroz. Sua pele era translúcida como a lua,feita de vidros retalhados que um dia já foram intactos. Outrora já fora feliz,noutro tempo,noutro lugar. O resquício de seu júbilo inconsciente era agora visível apenas,para quem sabia onde olhar.  Há tempos que ainda se especulam onde foi parar a pobre ninfa perdida,a pobre criatura perdida nas ilusões,mas somente as estrelas sabiam seu caminho. Tal segredo guardado a sete chaves. Ela era uma pintura celeste,que somente alguns, sabiam interpretar.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Borboletas no estômago


Já é tarde e já não posso mais ver proliferar-se flores do teu olhar. Já é tarde e não consigo encontrar o caminho de volta pra casa. Já é tarde e todas as expectativas foram deixadas de lado, juntas a tais lembranças que o tempo não quer apagar. Procurava teu olhar porque nele eu obtinha mel, e em meu estômago borboletas. Quão belas eram essas borboletas, que saudades elas me fazem.
Outrora achava que tu voltaria, hoje já não acho mais... Nem aquela sensação.
Em minha essência guardo sua face,e de sua face guardo minha eterna admiração

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

O lobo da Estepe

“Como não haveria de ser eu um lobo da estepe e um mísero eremita em meio a um mundo cujos objetivos não compartilho, cuja alegria não me diz respeito! Não consigo permanecer por muito tempo num teatro ou num cinema. Mal posse ler um jornal, raramente leio um livro moderno. Não sei que prazeres e alegrias levam as pessoas a trens e hotéis superlotados, aos cafés abarrotados, com sua música sufocante e vulgar, aos bares e espetáculos de variedades, às feiras mundiais, aos corsos, aos centros culturais e às grandes praças de esportes. Não entendo nem compartilho dessas alegrias, embora estejam ao meu alcance, pelas quais milhares de outros tanto anseiam. Por outro lado, o que se passa comigo nos meus raros momentos de júbilo, aquilo que para mim é felicidade e vida e êxtase e exaltação, procura-o o mundo em geral nas obras de ficção; na vida parece-lhe absurdo. E, de fato, se o mundo tem razão, se essa música dos cafés, essas diversões em massa e esses tipos americanizados que se satisfazem com tão pouco têm razão, então estou errado, estou louco. Sou, na verdade, o Lobo da Estepe, como me digo tantas vezes- aquele animal extraviado que não encontra abrigo nem ar nem alimento num mundo que lhe é estranho e incompreensível.” Hermann Hesse