sexta-feira, 15 de julho de 2011

Enigmática Nostalgia

Lento tempo que penetra em meu corpo e dilacera minha alma,que me guia até a escuridão e que cobre meus olhos da tão sublime e enigmática beleza. Terei eu o mesmo destino de Ofélia?Oh,como a loucura me consome,como a solidão me abastece e como o caos se multiplica.Percorrendo tempos imaginários,me perco em ti,nos bons momentos memoráveis que ainda me trazem um pouco de vida. O quão enigmático és teu olhar que até em sonhos tentei decifrar este enigma.O quão excitante que és tua frieza diante ao mundo,e ainda assim,um tanto dolorosa. Terei eu,tempo o bastante para abrir meus olhos e vê-lo cruzar-se ao teu outra vez? Terei tempo ao menos para...viver... outra vez?

Ausência

Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.


Vinícius de Moraes