quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Apenas ponteiros


- Mas porque essa menina chora tanto? Alguém com uma vida como à dela, não tem tais motivos para chorar.

A pobre menina volta a chorar diante dos ponteiros que insistem em permanecer no mesmo lugar. Compreensão agora me parece invenção inútil da humanidade para amenizar carências e dores que infantilmente todos dizem que o tempo vai curar. É simplório o modo como eles a olham,é desumano o caos que ela carrega internamente. Certas cicatrizes não se fecham,amenizam,mas não fecham. Um belo e ensandecido conforto ela encontra em uma fotografia,uma fotografia tirada ao acaso,encontrada ao acaso e que à faz sorrir agora. A vulnerabilidade de seu sorriso agora é ainda mais nítido,as vezes,a tal fotografia à faz chorar. Ela está em constante misantropia,mas às vezes,ela gosta disso.A delonga dos ponteiros à fere repetidamente dia após dia,porque eles insistem em tortura-lá tanto?
E então,em um momento completamente desolado,a menina ouve: são apenas ponteiros bobinha,são apenas ponteiros.
E toda aquela dor diante do relógio se manifestou em forma de lágrimas,uma enorme seqüência de lágrimas. Lágrimas de dor,e de paz. Por um instante,a menina acreditou que ainda podia existir compreensão no pequeno mundo dela. Sim,por um minuto ela acreditou.

domingo, 7 de novembro de 2010

Doces Devaneios

Permita-me dizer que essas noites foram boas e que os dias foram tristes, o sol que queimou minha pele estava frio e a noite encontrava-se tão quente. Palavras ao vento, palavras sujas, palavras incompreendidas, palavras de revolta e de insanidade. Sim, de insanidade. .
Entender é uma palavra que não entendo, porque entender? Já não quero mais entender tudo àquilo que já quis, quero apenas viver aquilo que ainda não fiz. Quero me jogar e não ter medo se vou quebrar, aqueles medos estúpidos e infantis já não me assombram mais. Essa anarquia mental agora me faz feliz, esboço sorrisos diante das catástrofes do mundo, não tenho mais motivos para tal sanidade. Fique aqui, não se vá, não se mova. Fique até que esse palácio seja destruído e essa barreira ultrapassada, vamos nos perder nessas palavras belas e sujas que ambos querem pronunciá-las. Vamos partir em rumo de algo que ainda não está definido, vamos deixar para trás essa melancolia do mundo exaustivo que estamos habitados a seguir. Minha sombra e minha gota de lucidez são as únicas coisas que estão comigo hoje, às vezes desejo que algo me encontre, algo além do que possa existir, enquanto isso, eu ando só.   

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Uma graciosa escuridão

Diga palavras doces e me conforte com beijos. Feche a janela, ambos preferimos o escuro. Depois se deite, e antes de entrar em sono profundo jure que terá um pequeno sonho comigo, como naquela música que tu gostumava cantar. Acorde, abra a janela e veja como a noite se encontra sublime. Nunca existe dia para nós, o sol dorme em um silencioso e eterno sono do qual nunca o despertaremos. Tu ri quando me vê monologar perto daquela cabeceira antiga e empoeirada,porém, tu muda suas feições quando olha por aquela pequena janela ,e vê a intensidade da chuva que cai lá fora. Gosto do teu jeito lacônico e sei que minha eloqüência o deixa em estado emocionável. Oramos juntos para o sol não despertar, aquele medo nos sufoca e começamos a queimar. Com o passar das horas ouvimos o relógio soar ao meio-dia e as chamas parecem não se acalmar,como se as velas da cabeceira antiga e empoeirada caíssem sobre o chão e subissem até as cortinas e se espalhassem pelas paredes e  por fim, chegassem até os lençóis.E então precisamos ir embora. Precisamos sair e enfrentar o sol. Nos perdemos em olhares  e não percebemos que depois daquela forte chuva de verão,o sol acordaria. Pensamos infantilmente que ele não despertaria aquele dia,porém,ele despertou. E então aquela noite se acabou.

sábado, 11 de setembro de 2010

Apenas um sonho

Já não consigo mais traduzir tuas expressões (se é que algum dia eu já consegui traduzi-las), procuro o brilho do teu olho nos olhos de outros, e sempre falho. Torturo-me até o ultimo minuto antes do sono vir, pensando em coisas que seria melhor esquecer. Me completo durante os sonhos, tu passa a mão sob meus cabelos e depois lê minha história preferida, inventamos algo que não existe,e jogamos fora aquilo que já existiu. Tento disfarçar minha inquietude mais tu sempre nota minha timidez e num desespero bruto me consola e me conforta de um jeito quase perfeito que tanto gosto. Nossas discrepâncias não interferem em nossos atos ocultos, nem diminui nossa graciosa satisfação noturna, embora ambos não concordem com tais satisfações. Tu diz que me vê corar quando me sinto perdida junto a ti,e num refúgio imediato tento me acalmar alinhando-me mais perto rumo ao teu amplexo. Tu conhece meus pudores e sempre consegue dominá-los e alinhá-los conforme a melodia. Conforme aquela doce melodia. Tuas expressões se esvaziam e então tu me pergunta:
- Durará isso eternamente?
Antes que eu pudesse responder, o despertador toca e já é hora de levantar. Já é hora de voltar a viver, já é hora de me torturar por você.
A gente se desencanta,mas a vida é muito graciosa para ser apenas desilusão,e os sonhos são muitos reais para serem despertados. Ainda encontrarei forças para sonhar novamente. Sim,eu encontrarei . . .


sábado, 28 de agosto de 2010

Nostalgia

Sinto falta da época em que você penteava meus cabelos e cantava aquela música que dizia que tudo ficaria bem, sinto falta de poder acreditar que as coisas ficariam bem. Sinto falta da tua alegria matinal, e da segurança que teu sorriso me passava, falta até das coisas piegas das quais me faziam tão feliz. Sinto falta de poder acordar de manhã e não se preocupar se eu teria uma tarde com grandes acontecimentos ou se seria mais um dia monótono. Sinto falta de me olhar no espelho e ver coisas que antigamente eu via, ou talvez não via nitidamente,mas sabia que estava lá.
Sinto falta da época em que eu não possuía momentos insanos e agia moralmente de acordo com meus princípios. Sinto falta de tudo aquilo que já se foi,sinto falta do que foi bom,e as vezes,até do que não foi .As vezes antes de dormir penso em como seria se tudo voltasse a ser como era antes, e se eu infantilmente reclamaria (como reclamei por muito tempo) de uma infância que foi tão doce !
Ao acordar pela madrugada me pergunto se você está tendo uma noite boa, quais são teus sonhos, e se algum dia eu já fiz parte deles. Ao contrário das noites de sono perdido que eu tinha antigamente,das quais minhas únicas preocupações era de uma criança com insônia e com medo de algo que minha própria imaginação criou.
Sinto falta,e sempre sentirei. Sentirei falta até dos meus receios que com tantas orações eu pedia fervorosamente para ir embora,e se foi . E sei que um dia sentirei falta disso,mas quando eu sentir,é porque você já não vai mais estar aqui.

Com dor ou sem dor,eu sentirei. . .

sábado, 21 de agosto de 2010

Lágrimas no escuro

Tantas lágrimas à serem expostas,mas tão sem forças para tal acontecimento.Onde estão os anjos dos quais ouvimos falar?As vezes ao olhar para o céu,só consigo ver o céu e nada a mais.Tantas dúvidas surgem em minha mente,tantas coisas das quais eu queria um exclarecimento.Será que aqueles olhares foram recíprocos?Será ilusão de minha mente? Perguntas não amenizam dores profundas nem apagam pessoas de suas memórias.
As vezes penso em alguma forma de regredir o tempo e desfazer os laços que com tanto afeto eu fiz por impulsos,talvez se pudesse modificar aquele passado,eu não me encontraria em um presente tão lagrimoso.Ou se ao menos eu pudesse esquecer por completo,esquecer de cada detalhe sufocante e principalmente intrigante de cada situação ocorrida . . porém as vezes,desejo nunca esquecer,a lembrança é a única prova de que aquele sentimento foi real.
Nun cômodo escuro,minhas lágrimas perdem o pudor e se deixa cair de forma silenciosa pela minha face,que já se encontra desfigurada diante de tantas angústias.
Sorrir por sorrir,responder por responder e dormir por cansaço de chorar.Derrepende as coisas começam a perder o sentido,ou talvez,seja ai que se encontra o sentido. Um dia disseram-me que quando a vida perde as cores,devemos nós mesmos colori-la,mas não encontrei tintas,nem qualquer tipo de instrumento que pudesse dar cores novamente para essa vida.Mas talvez isso não adiantaria muito,afinal,se juntasse-mos todas as cores,resultaria em preto,querendo ou não,a dor sempre volta. És uma dor tão intragável e ao mesmo tempo tão sublime que me perco em indecisões de saber oque realmente quero fazer com ela,se realmente quero esquece-la ou aprecia-la. Eu poderia optar pelo país das maravilhas,sei que poderia.Mas eu sei tbm que acabaria escolhendo a terra do nunca,gostaria de ser eternamente criança,brincar,brincar e me esconder para que nunca me encontrassem,para que eu pudesse ter sorrisos espontâneos e sinceros.Mas a cada dia vejo a tempestade se acalmar,as vezes ela me surpreende e retorna,mas ela me surpreende mais ainda quando dorme por muito tempo. Sei que ela pode voltar,mas se voltar ,ao menos estarei preparada desta vez ,e se caso eu não estiver,não tem problema. Nem sempre é tão ruim tomar banho de chuva,as vezes ,a tempestade nos faz aprender coisas inesquecíveis.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Reflexões

Me encontro em teus olhos,e logo me perco nesse paraíso atônito que quase sempre se encontra em eminência.Tão distante e tão perto,de tão perto que chega a me sufocar.Queria contemplar o seu amplexo e nele viver eternamente,ou não. Talvez eu esteja pedindo demais ao desejar  ardentemente a eternidade,talvez algumas horas ou até mesmo minutos curaria essa dor inconsolável.
  Cansada de rotinas,desiludida com o tempo e buscando refúgios solitários nas noites de inverno,onde até mesmo os sonhos se tornam soturnos.
  Há um mistério no crepúsculo,um mistério no qual eu não consigo desvendar,apenas sentir. Apenas sentir já não me satisfaz,eu queria mesmo é poder tocar,e se o destino permitir,ser tocada tbm.O auge da ansiedade se aproxima e a cada segundo estou mais perto do abismo.Se existe a dor e a calamidade,onde está a fé e a esperança onde eu possa encontrar um refúgio?
  Talvez esteja escondida atraz de minhas ilusões,ou talvez ela nem exista nesse momento.Essa coisa platônica e aparentemente incontenstável não vai residir eternamente,talvez resida apenas em lembranças,mas em sentimentos tenho certeza que assim como veio,ela irá em eminente paz.
  Enquando isso volto a oscilar entre esperanças e tristezas,e a fé ( o pouco que resta) na ilusão de um dia essas utopias se realizarem,ou de apenas não serem constantemente lembradas,como uma noite de sono sem sonhos,como algo que nunca existiu.

Reflexos da inocência

   O que te impede de se deixar levar pelo desejo?Será meu rosto? Será meu corpo?Será tudo tão precoce demais para você? Teu jeito láscivo foi compativel com meu sortilégio,talvez compativel até com a inocência que as vezes eu pareço não ter.
  Chega de lamúrias,pare de se demonstrar tão desolado,não tem graça tomarmos banho de chuva se estivermos sob garoa,tudo só se torna bom quando há tempestades e trovões. Me tira do celibato e venha realizar minhas utopias juvenis,vamos entrar nun mar agitado quando a noite se mantém fria e caltelosa.
  Vamos sujar aquilo que há de mais límpido dentre todos os sentimentos e se você quiser,podemos fazer tudo sem deixar resquícios.Sei que você é tendencioso,faça tudo sem pudor,te entrego minha inocência e em troca me dê um pouco de sua malícia.Me diz oque você enxerga atravez de sua lente,eu sei que oque você vê não é tão precoce assim e se houver reflexos da inocência,é porque sei que é isso que lhe proporciona prazer.
  Venha para o mundo no qual só Vladimir Nabokov teve o privilégio de estar.Julga-me docemente da maneira que achar mais coerênte,nomeia-me daquilo que te satisfaz.Posso ser Dolores,Lo,ou apenas Lolita.Vamos trazer para nossas vidas o que há de melhor na literatura,ou se preferir,podemos criar algo novo.
  Vamos fazer com que os sonhos não terminem e que o desejo nunca morra.Vamos viver em minha inocência e vamos tentar nos realizar somente nela.