sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Uma graciosa escuridão

Diga palavras doces e me conforte com beijos. Feche a janela, ambos preferimos o escuro. Depois se deite, e antes de entrar em sono profundo jure que terá um pequeno sonho comigo, como naquela música que tu gostumava cantar. Acorde, abra a janela e veja como a noite se encontra sublime. Nunca existe dia para nós, o sol dorme em um silencioso e eterno sono do qual nunca o despertaremos. Tu ri quando me vê monologar perto daquela cabeceira antiga e empoeirada,porém, tu muda suas feições quando olha por aquela pequena janela ,e vê a intensidade da chuva que cai lá fora. Gosto do teu jeito lacônico e sei que minha eloqüência o deixa em estado emocionável. Oramos juntos para o sol não despertar, aquele medo nos sufoca e começamos a queimar. Com o passar das horas ouvimos o relógio soar ao meio-dia e as chamas parecem não se acalmar,como se as velas da cabeceira antiga e empoeirada caíssem sobre o chão e subissem até as cortinas e se espalhassem pelas paredes e  por fim, chegassem até os lençóis.E então precisamos ir embora. Precisamos sair e enfrentar o sol. Nos perdemos em olhares  e não percebemos que depois daquela forte chuva de verão,o sol acordaria. Pensamos infantilmente que ele não despertaria aquele dia,porém,ele despertou. E então aquela noite se acabou.